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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Encilhada

Entregue à intempéries
sem a muralha de seu sorriso
oscilo
quando penso nas grandes distâncias
tenho ganância de posse
afã por mais desejo
nunca me houvera antes
submetido à paixão
desço degraus de joelhos
mordo meus próprios dedos
arquejo
cabe em mim agora o infinito
e estou prenha de estrelas
a instabilidade de seus olhos
me afoga e me redime
escrevo cartas que queimo
e vivo mais em meus devaneios
do que
em minha tramatura real
seu cheiro está impresso
em cada de meus gestos
quase sofro esta presença
- um no espaço de dois
me sinto diáfana me sinto megera
e tenho uma fome inusitada de por-de-sol
e madrugadas regadas à vinho e à sono atrasado
Sem escapatória diante de suas mãos
uma ave rendida que arranca as asas
um buraco que insolente traga
minha suposta lucidez
e talvez
mas só talvez
alguma recompensa
por uma entrega
em delinquente rendição.

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