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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

no ato de viver

estou sentada aqui com meus irrequietos sapatos vermelhos,
esperando. pretendo esperar; olharei para a gente que passa,
fingirei algum conforto, simularei estar lendo algo em lugar nenhum,
suspirarei fundo, driblando mal minha inquietação.
mexerei os dedos, como quem tamborila um samba, em plena composição,
reexaminarei o batom, pela centésima vez pelo menos, para um desnecessário retoque.
um garotinho passa e sua expressão se transfigura ao ver meus sapatos - vermelhos.
e espero. o chiclete já perdeu o sabor, uma mecha de cabelo brinca no vento,
minha perna cruza e descruza o tempo dos ponteiros apáticos.
é; o tempo de quem ama possui sua exótica e estranha batida, diretamente aliada
ao atropelo aflitivo do descompassado coração.
espero: nada me retiraria a dor e o prazer desta hora.

2 comentários:

  1. Maravilhoso o seu texto,
    ornamentado de pura poesia.

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    1. Que bom que gostou! É esta a função do escrever: compartilhar! Bj!

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