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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

condenação

é de doer tanto que os joelhos da alma se dobram
e tem-se nos olhos resíduos de tempestades no mar.
passa-se a ser mera sombra de si mesmo - um desejo sem dono, um sonho estéril,
um abandono na casa de seus ais e uma habitação do desterro.
faz torcerem-se as entranhas e condoer-se da própria voz
de dor tamanha que abala até a santa calma que habita os mais serenos.
a lâmina paira sobre a cabeça ao longo de muitos dias como uma flâmula
onde se gravou a danação.
o tempo passa a ser um carcereiro sem misericórdia
e a luz do dia de uma total falta de nexo diante da negritude do coração.
a canção machuca os ouvidos, a saliva queima e todo seu eu está em transe
- um apocalíptico transe entre a pena de si mesmo
e mesmos retóricos questionamentos, implacáveis:
por que não ele? ou eu? ou nós? que foi que eu disse? ou não disse? fiz...
cansa-se de si mesmo, mas não se pode partir pois está dentro da sua cabeça,
comendo nas suas células, respirando no seu pulmão - é até uma segunda pele
mas que não descama nem se rompe quando se quer; só com o exaurir-se.
quem precisa temer o inferno quando já se conheceu um grande amor?
se presente, cresce o medo da perda - se ausente, perde-se a noção de vida.
estranha ferida da qual, purulenta, se alimenta a esperança de uma nova paixão.
a redenção dos amantes está no vício que o amor provoca.

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