A doida avança pela rua com os cabelos emaranhados
as mãos retorcidas e insones
os olhos gastos
Na presença da doida os pássaros se alvoroçam
crianças troçam maldozamente uma maldade só das crianças
nem os cães a perdoam não a permitem não a respiram
A doida traz o medo do contágio
traz o confronto com o meu outro
Pelos trapos coloridos que lhe recobrem as partes
veem-se caminhos tortuosos e sujos
restos latas rostos esquecidos e confusos
A doida geme
e seu gemido faz doer a alma faz secar lama faz cruzar a esquina
para não cruzar com a doida
A doida
vai arrebatando olhares cheios de pavor
da possibilidade tão comum
da demência.
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