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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Apenas em fotografias

eu vivo desviando meus passos

destes estilhaços todos aqui, pelo chão

e evito fazer muito alarido

porque meu coração atualmente se assusta

e corre em desabalada loucura se perdendo

eu tenho ficado à espreita do momento certo da palavra santa

do olhar que me salva

mas confesso-me um tanto cansada

de cerzir e de remendos

de estações e cais oportunos para o desembarque

de me agarrar febrilmente aos álbuns de fotos

veja só eu que sempre comprei minhas batalhas

agora ergo bandeiras de apelo de paz

será oportuno dizer da minha pouca vontade

para delongar debates e explicações óbvias

acho que de alguma forma envelheço

rapidamente

e as coisas todas me parecem passageiras demais

para tanto esforço despendido com o ficar por aqui

entre eu e o outro

como se fosse uma questão que estivesse atada

a tão somente uma escolha.

2 comentários:

  1. Uau!
    Identificação... Projeção...
    .
    Fez-me lembrar:

    DIA DE CHUVA

    O ar é de um amarelo escondido, como um amarelo-pálido visto através dum branco sujo. Mal há amarelo no ar acinzentado. A palidez do cinzento, porém, tem um amarelo na sua tristeza.

    Fernando Pessoa
    °

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