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segunda-feira, 2 de maio de 2011

flores de pedras (para minha avó)

me visto de coragem pra vir aqui
todos os dias, todas as vezes
e no esforço mora meu merecimento
- aqui o tempo passa sempre muito mais lento
e a sua vida nunca foi tão premente
me lembro de cheiros e verões
de comida de domingo e mãos sujas de terra
me lembro que você tinha o bolso mais fundo do mundo
e seu estoque de balas, dentro dele, era inimaginável
quando chego por estas bandas no entanto
é recompensador
constato animadamente a sua plena ausência:
você jamais se manteria inerte em lugar nenhum
- nunca foi da sua natureza a mera observação -
e as tardes sem boa prosa não a conteriam
assim, volto, de novo, pra uma casa
vazia de você, mas absolutamente convicta
da sua permanência.

2 comentários:

  1. tua mão solta na tinta desenha paisagens de cheiro e côr, são palavras que seriam meras, não fossem resultado de sua escultura poética.

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