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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

desfalque

sopro esta canção aos seus ouvidos enquanto sorrio reclusa em mim
e adivinho, sem fitar seus olhos, que eles marejaram por um instante.
nem preciso segurar suas mãos para sabê-las frias: está tenso e denso
dentro e em volta de nós dois.
a armadilha foi feita de palavras, cruel material que não se desfaz nem no tempo
e o enrodilhamento se deu, entrangulando sem piedade o desavisado coração.
jamais se irá de você esta minha imagem - dentro das horas sou uma espera
doce, amarga, atenta e instável.
(imito a vida, nesta jocosa maneira de existir, velozmente, por aqui).
os pássaros abandonaram você, nesta madrugada sem nuvens e sem sons
e eu estou perto demais para que você identifique esta dor
- é assim que acontecem as despedidas e as chegadas bruscas: a gente nem percebe
e se apaixonou. ou partiu sem começar.
vou lhe deixar meus braços em volta do seu pescoço e este calor
que eu já partilhei com gente demais pelas rotas da minha história.
mas que é sempre calor, isso não se finge ou se produz artificialmente.
no mais, aguarde uma carta, um aviso, uma foto (quem sabe!)
porque já não tenho mais forças para me despedir pessoalmente
- a covardia é uma benesse para momentos como esse
e para gente como eu.

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