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segunda-feira, 24 de março de 2014

Chuva boa

Chove hidratando a ressequida cutes da terra amorosa, chove dando de beber às matas virgens e às devassadas, chove para os cães de pendentes línguas vermelhas, chove para o assombro e deleite do sabiá laranjeira. Chove para que o rio engorde, para que o milho engrosse, para que se assossegue a poeira. Chove para lavar a pele salgada, chove para reavivar as cores da velha calçada, chove para dar pingadeira nos galhos do cipreste torto, chove para turvar, de novo, a paisagem distante. Chove para que se enlameiem as crianças e barquinhos de papel retomem a rota. Chove. E abençoada seja a água que nos lava a Alma diante da morte empedernida que outrora debochava do céu. (Bete Amorim)

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