Total de visualizações de página

terça-feira, 5 de junho de 2012

Derradeiro

E rumo às estrelas então ele corria, e corria, e seu nome se perdia na aflitiva indagação que me estrangulava a voz na garganta, como se um pássaro lá se debatesse. E ele olhava apenas para aquele céu, céu que já era dele desde sempre, desde tanto, desde dentro de cada noite em que ele amara aquele céu. E corria, e seus pés já não sabiam de chão, de cortes, de dores desta terra. Era apenas a busca insana e santa por aqueles céus de menino sem teto, sem identidade adquirida, sem saída diante das nossas parcas e fartas misérias. E ele corria, e aquele mesmo céu, entre debochado e curioso, o ansiava, como se fora uma noiva desperta pela paixão. Seus olhos eram incêndios dentro do escuro, seu peito arfava alto e incomodava os passarinhos sonolentos, acobertados pelas enfadonhas horas. E ele corria, carregando dedos umedecidos em contentamento e tensão, beirando a loucura das velhas solitárias, do silêncio que habita os mortos e horrores dos penhascos da alma. As estrelas? As estrelas soltavam gritinhos de alegria. E em momento algum, eu lhes prometo, em momento algum, ele voltou os olhos para ver se deixara algo importante para trás.

Nenhum comentário:

Postar um comentário