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terça-feira, 5 de junho de 2012

Porto inseguro

Amanhã eu lhe trarei meu coração. Prometo. É arisco, sorrateiro se esgueira porque pressente meu cheiro, meu hálito, meus ais. Mas, com um tanto de paciência que me cabe, eu o arrebatarei das luas e dos varais, dos becos e das vitrines, dos dias e seus muitos sóis à pino...e o trarei! Para ensinar-lhe seu lugar, o submeterei aos caprichos de estar prostrado aos seus pés, você verá. Êh, que coração nenhum me engabela assim, se torna arredio e alado e me passa dias fora, sem desejo meu no arreio. Que eu não admito esta fuga diante das dores, não o alimentei pra isso, pra medo, pra escuro. Não. Eu o trarei, e ao deparar-se dentro destes seus olhos mirado, olhos de gula, buliçosos, ele se quedará silente e deliciado, que bem eu sei. Que meu coração andou disparatado neste mundo de meu Deus, mas agora, agora ele conhecerá ser presa e ser preso, dono de nada além do que você lhe dará, atento a cada segundo diante de si mesmo, tendo asas, mas se recusando à voar. Que este coração já foi caiado em lágrima e saudade e agora só precisa de pouso, de retornos, de um cais.

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