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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Não sou tão diferente de você. Eu me escondo pra chorar minhas mazelas, eu cheiro as roupas do ser amado, eu rabisco coisas no espelho embaçado do carro ou do banheiro, eu repito aquela música como um mantra. Eu queimo a língua pela ansiedade, eu sinto sede de água nenhuma, eu mastigo as horas que me fazem esperar. Não sou nada diferente de você...eu tenho pesadelos que trazem suor e medos antigos, eu revejo fotos com o interesse de sempre, eu nos vejo depois de passado tempo (nos lugares mais inusitados). Tenho pecados inconfessáveis, segredos partilhados com gente demais, vergonhas públicas, gozos primitivos. Tenho manias que me fazem rir sozinha, coleciono coisas sem saber pra quê...ou pra quem. Também eu persigo sonhos, mesmo que constituídos de matéria tão sutil. Também eu cobiço, confabulando com meus demônios internos. Também eu suplico misericórdia aos anjos pelas facetas de minha humana pequenez. As vezes, quase desisto. As vezes, quase permito. As vezes, quase sou mais. Não somos tão diferentes, mas tanto nem tão iguais. Somos o que nos tornamos, na tecitura dos dias entre nossas escolhas. Por isso, a compaixão. Por isso, o desprezo. Por isso, o insondável mundo do Amor, tantas vezes traduzido em desolação e desterro, como recompensa por nem sempre termos escolhido sermos nós. (Bete Amorim)

3 comentários:

  1. AI AI AI!!! FANTÁSTICO!!! "Segredos partilhados com gente demais":)

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  2. E "na tecitura dos dias entre nossas escolhas." Muito Isso! Parabéns, Bete!!!

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  3. Bete

    Vim até seu blog por indicação da Paula. Achei seus textos muito bem escritos e estruturados, além de coerentes e verdadeiros.

    Um abraço

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