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sábado, 11 de agosto de 2012

Perdoa se eu choro. Não planejei assim. As coisas que me devoram o fazem no silêncio de minha sala, entre meus livros, embaixo da escada. Perdoa se eu me permito tão frágil na sua presença, isso pode ser embaraçoso, desconcertante, até incômodo, é verdade..perdoa. Não há aqui a intenção de despertar comoções, só não posso contê-las, as águas, que urgem limpar meus olhos, que urgem lavar memórias, que urgem encontrar alguma nova visão no embaraçado cenário que se estende diante de mim. Eu acho que choro por outras coisas, pelas ruas secas, pelas notas sem canção, pelos bichos, pelo roçar das pernas, pelas perdas de manhãs de sol. É isso. São outras coisas, outras tantas, tantos outros. Perdoa se eu instrumentei cenas, e se eu maquiei caras, e se eu rasguei a melhor parte do seu roteiro. Mas as falas eu decorei, todas, como você arquitetou tão bem. Só os poemas sangram, dia e noite, desta hemorrágica sensação de metade. E eu ainda nem comecei os dias que me veem de frente. E eu nem observei se você já foi. E já choro! Que coisa! Perdoa. (Bete Amorim)

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