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sexta-feira, 10 de agosto de 2012



Foi no meio do dia, numa hora sem maiores significados, signos, marcações ou sentidos. Não tive sonho premonitório, não vi sinais no céu, não tinha aro na lua, não tinha coisa alguma diferenciada na seção do horóscopo no jornal. Não li nada no seu rosto na noite de ontem, não li nada no cheiro da sua pele na cama, não li nada em seus achados e perdidos sobre a mesa. Nada. Nem. Talvez o amor vá embora como um pássaro decola de um galho que, num balanço repentino, o assustou. Talvez o amor se canse de subidas, de descidas, das curvas bruscas, das freadas. Talvez o amor se enterneça por corações vazios e deixe aqueles já se acham preenchidos. Como eu vou saber? Como você me saberia? Talvez o amor seja criança demais pra tanto peso, tanto alarido, tanta enfermidade e se vá, assim, indiferente aos signos, aos sinais, aos apelos. Não há nisso nenhum grande mal, nenhuma pérfida maldade, porque tais deformidades não se afinam com o amor. Há apenas partida e fica então saudade, dentro da gaiola espaçosa de um coração que acordou, de repente, e deu falta. E então pode-se ouvir a alma soluçar. Mas que se aponte - o amor não olha pra trás. Se olhar, não é amor: é pena.

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