Total de visualizações de página

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Por testemunha o Divino

O Divino preso à porta observa a mulher parada
o Divino olha a mulher - a mulher olha pra nada
tem pendentes os seus braços
vazios do filho não vindo
e em seus grandes olhos baços
repousam águas de um rio
os cabelos lhe aureulam a face
já um tanto descarnada
são vigílias noite à dentro
são preces na madrugada
e a esperança pende à fio
Suas pernas se estendem
por sobre as estradas vazias
os morros as serras as valas
e no ventre que acaricia
acalanta uma vida passada
A mulher tem corpo morno
onde ainda esbraveja o calor
de uma esperança indolente
de um resquício de seu amor
O Divino olha a mulher
que se lhe ajoelha à frente
mas só a fita constrito
penalizado, silente
O destino dos caminhos
pertence só ao viajor
e voltar para seus ninhos
é de alguns filhos um ardor
Porém a sorte é madrasta
e nem sempre isso se dá
Então à mulher parada
na janela junto à estrada
só cabe mesmo o esperar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário