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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Eu, passarinho

o vinho estava especialmente bom
- almoço sem gosto as coisas que vão se apresentando.
hoje, eu queria levitar - desafiar a mim e ao universo
cometendo um ato proporcionalmente inverso ao usual
encontro certa resistência quando me dirijo às escadas
(eu já disse que o vinho estava especialmente bom?)
e enquanto subo, lamento minha inexorável condição
de ser preso à terra, ao solo pátrio, ao chão áspero
- fosse por mim, escolheria nuvens pesadas, céus esparsos,
longíncuos horizontes em forma de perfil de laranja.
um espelho de mar, isso! um espelho de mar comporia
minha chegada ao final - aterrissaria aos trambolhões, inexperiente que sou
nesta coisa de voos e pousos dramáticos - isso tem a minha cara!
mas feliz, feliz...
teria descoberto a expansão das asas, a possibilidade passarinho
de ser: nada de credos, cruzes, nacionalidades, cores
eu passarinho - passando pelo céu de cada dia, escolhendo
onde anoitecer.

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