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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Figuras urbanas II

passo todos os dias pelo pipoqueiro
- pombas cercam-no como meretrizes afoitas
nada vejo nele que não me recorde um tio querido,
um parente amado, amigo de casa já
porque entre suas coisas colorem-me balas, amendoins, saquinhos
e lá por dentro da grande panela a suprema diversão:
o barulho gostoso e alardeante dos saltos e estripulias,
o aroma de cinema durante a semana, a retomada brusca da infância
num e noutro mastigo crocante deste milagre branco
- poderia fazer nevar, o pipoqueiro,
uma neve nossa, tropical e atrevida
que alagaria as ruas de risos e de assombro!
e por uns instantes, talvez,
meninos esqueceriam a fome e velhos abandonariam a idade
para correrem, como as pombas, entre as pedras da rua cinzenta.

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