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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Itinerário

notas almiscaradas, um ligeiro enjoo
o forro do sofá que saturou os olhos depois destes anos todos
a tevê insossa, insólita, indecorosa
e este espaço que deveria se chamar lar.
nenhuma identidade - nada ao que se agarrar
tudo como que se tivera colocado ali por si só
vidros volumes de livros relógios de parede e chão
um imenso e frio chão de pegadas desmoronadas dia a dia.
a alma encolhe - sabia? encolhe e se recolhe às entranhas
como se um bicho fuçasse a terra com furor e determinação doentia
- não mais voltar a ver a luz e o dia, mas simplesmente, naufragar na terra,
uma impossibilidade de porto e salvação.
e os olhos são depositários fiéis de águas mornas
e cenas que cortam mais que a palavra mais afiada
(existe o benefício da cegueira para um coração que dorme)
mas estou completamente alerta nesta hora.
são os caminhos trilhas duras e desconhecidas, desconectadas
esparsas como aves perdidas no revoo da troca de estação
- ninguém para gritar seu nome e trazê-lo de volta pra casa
ninguém para marcar a trilha, ou postar sinais
cartas que não serãao abertas - não foram escritas
juras que não serão trocadas - não foram planejadas
socorro - que não virá. não foi ouvido ( emitido?)
e uma noite longa como a vida inteira que acena
do lado de fora desta cela.

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