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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Voos

talvez, num dia em que eu não veja, você se vá
e então seus carrinhos permanecerão na prateleira
como testemunhas concretas de sua infância entre meus braços.
um dia assim, com este sol assim, você se irá
me falando, ávido de entusiasmo, da vida que você descobriu
lá fora - além do muro de nossa casa, além da sua bicicleta, além do quarto
uma vida que abraça você como já não posso
e aí eu sentarei naquela poltrona que fica em frente a porta e sorrirei,
desejando com toda essa minha força que restou que você voe,
orando para que estas suas asas
sustentem sua ânsia, sua pulsação, sua fome
- foi quando eu me distraí, um segundo, que você largou a chupeta.
outra distração boba e você comia livros e mergulhava no computador.
mais uma piscadela e os posters embaçaram na parede
- como você é rápido! como eu perdi mais momentos
de dormir com você no sofá vendo desenhos e lendo gibis
(alguém ainda fala "gibis"?)
estou aqui - sempre estarei.
e meus braços, cheios de esperança, cheios de orgulho, cheios de saudade
o enrodilharão a cada retorno, a cada reencontro.
Por enquanto, apenas voe - bem alto.

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