Total de visualizações de página

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Caminhando...

Caminho. Dou-me a ver ao sol. Ouço carros, gente-passarinho, assobiando. Vento pensamentos, solto-os como bolhas de sabão. As ruas correm sobre meus pés, mas eu caminho. Mãos borboleteiam à minha passagem, sem pousos demorados. E as gentes são reflexos acomodados ao redor. Não me fixo, nada me detém. Meus pés sabem o caminho de volta, então apenas sigo, como o curso de um rio bom.
Flores , festa dos olhos, raio de sol que faz arder no calor. Manhã nova, mesmas cores, me proponho a mais não ser quem saiu pelo portão só pelo andar. Céu varrido, voo cupido entre os casais no ponto da condução. Uma fita sem cabelo rola, em atropelo, pelas veias da calçada. As pedrinhas se encolhem diante de meu passo firme e eu me encolho diante do mundo embaçado.
Não tem rota, não tem rumo, só o passo, que a outro sucede. Como o compasso marcado escondido dentro do meu peito. Batida que me persegue, de que a gente se desapercebe quando em sossego. Não conheço a sala daquela casa, não me lembro daquela moça, não vi aquele menino nascer. Sou incógnita na distância, próxima na substância, etérea sem o saber. Minha primeira lembrança já se foi e eu nem senti, mas sinto saudades de gentes que ainda nem conheci, saudades de coisas minhas de que eu ainda nem me desfiz. Caminho. Basta por agora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário