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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Canto da lavadeira

Ouço o canto das marias

batendo, nas pedras frias, suas peças

coloridas ensaboadas desbotadas já desgastadas

enquanto entoam um lamento

que ora é entretenimento ora cansaço

Mulheres de pernas nuas, torneados braços

pele curtida no roçado

Trazem na letra simples um quê me enleva a alma

e aos seus filhinhos acalma

enquanto dormitam ou correm

pelas beiras do ribeirão

Seus fortes braços levantam

água e suor, sabão e vozes

e a tarde vai se perdendo

dentro das alvas cortinas dos lençóis de minhas retinas

da poeira que cede do chão

Não conhecem os tormentos atrozes

daqueles que perderam a paz

As marias vêm cantando

de longe os filhos tocando

com cestos de roupa amarrada sobre as cabeças firmada

trouxa e solidão

Mulheres que todos chamam "Maria!"

e não reclamam da sina de lavadeiras

que a todas reúne e iguala

tornada rotina certeira

de quem é mulher no sertão.

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