Ouço o canto das marias
batendo, nas pedras frias, suas peças
coloridas ensaboadas desbotadas já desgastadas
enquanto entoam um lamento
que ora é entretenimento ora cansaço
Mulheres de pernas nuas, torneados braços
pele curtida no roçado
Trazem na letra simples um quê me enleva a alma
e aos seus filhinhos acalma
enquanto dormitam ou correm
pelas beiras do ribeirão
Seus fortes braços levantam
água e suor, sabão e vozes
e a tarde vai se perdendo
dentro das alvas cortinas dos lençóis de minhas retinas
da poeira que cede do chão
Não conhecem os tormentos atrozes
daqueles que perderam a paz
As marias vêm cantando
de longe os filhos tocando
com cestos de roupa amarrada sobre as cabeças firmada
trouxa e solidão
Mulheres que todos chamam "Maria!"
e não reclamam da sina de lavadeiras
que a todas reúne e iguala
tornada rotina certeira
de quem é mulher no sertão.
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