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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Para Ludmila e seu pássaro azul

No cinza tingiu a vida
de poeira e só memória
Inventava as histórias que jamais viveria
e comprava tempo pra gastar juventude em devaneios
A janela era vermelha era baça era madeira
o mundo era o detrás da janela
depois da rua além da fronteira dos seus olhos
Eis que veio
azul de céu aberto desperto
um pássaro
lampejo de vida lhe atrevessou a alma
e na sua solidão profunda absorveu-o, por inteiro
contou-lhe as penas adivinhou-lhe o voo cobiçou-lhe a voz
Decidiu: romperia com o mundo lá fora e viveria em seu próprio cativeiro
o sonho do pássaro que a escolhera
mas primeiro é preciso lacrar as janelas e desposar a ilusão
Eis que a ave, pressentido chuvas e quintais
à janela já fechada se lança
mas só alcança o torpor seguido do golpe derradeiro
contra o vidro juntando-se eternamente aos desejos da moça
O chão era vermelho era tinto era lágrima
da donzela que contra o peito
estreitava a tristeza de uma vida inteira.

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