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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Na travessia

Eu me imagino doída

já que aquela cicatriz se transformou numa libélula

meu braço alcança minhas interrogações

- rodopiam como moscas ao meu redor

mas ele não as distrai

estou em profunda ebulição

sei disso porque meu coração arde

e a janela já não me detém:

voo cada dia voos mais distantes

e demoro cada dia mais para voltar

As coisas que a gente inventa pra calar

o que alma berra...e não cala

Eu acenderia um cigarro agora - mas eu não fumo

então rabisco coisas sem compromisso num papel

sempre fico assim quando o sol me chega

rasgando as pupilas avançando pela garganta

me lembrando que preciso arrancar outra folhinha

deste calendário interno

as minhas perguntas estão cansadas de si mesmas

quem pode culpá-las?

É da sua natureza de existir

sem respostas

como é da minha natureza de existir

parí-las sem parar, ainda que exausta

Eu gostaria de ser uma ilha

e abrigar um naúfrago de amores

eu o alimentaria - como não posso fazê-lo por mim

e veria os dias atravessando o tempo em seus olhos

(é bem fácil quando é na pele dos outros)

Mas sou uma ponte, não uma ilha

e aqui não se detém ninguém.

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