Eu me imagino doída
já que aquela cicatriz se transformou numa libélula
meu braço alcança minhas interrogações
- rodopiam como moscas ao meu redor
mas ele não as distrai
estou em profunda ebulição
sei disso porque meu coração arde
e a janela já não me detém:
voo cada dia voos mais distantes
e demoro cada dia mais para voltar
As coisas que a gente inventa pra calar
o que alma berra...e não cala
Eu acenderia um cigarro agora - mas eu não fumo
então rabisco coisas sem compromisso num papel
sempre fico assim quando o sol me chega
rasgando as pupilas avançando pela garganta
me lembrando que preciso arrancar outra folhinha
deste calendário interno
as minhas perguntas estão cansadas de si mesmas
quem pode culpá-las?
É da sua natureza de existir
sem respostas
como é da minha natureza de existir
parí-las sem parar, ainda que exausta
Eu gostaria de ser uma ilha
e abrigar um naúfrago de amores
eu o alimentaria - como não posso fazê-lo por mim
e veria os dias atravessando o tempo em seus olhos
(é bem fácil quando é na pele dos outros)
Mas sou uma ponte, não uma ilha
e aqui não se detém ninguém.
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