Não sei se a manhã é fria ou o frio me percorre a alma
o olhar ainda embaçado não permite distinguir
qual foi o jeito errado em que distendi o músculo do coração
eu quero dançar
na beirada de um edifício no alto de seu 100º andar
pra testar novos voos e gostos e poder olhar
o mundo destas ilusórias passagens cá embaixo
em sua correta dimensão
A pele não me cabe mais e é um desconforto apertar-se assim
como num espartilho mal costurado
e esta cara que teve tantas possibilidades outrora
hoje é uma estranha que me arreganha dentes no toucador
Eu sei que vai passar - sempre passa
esta história de dias mal dormidos e mal acordados
mas é quando tenho mais saudades de um não sei quê
que fica preso entrecortado entre a garganta e a própria voz
Devia ter mais cuidado ser mais seletiva
ao escolher o cenário da própria história que se vai protagonizar
Um dia é uma contenção da barragem uma fragilidade anciã
quando se suspira demais pra se dar conta de outra manhã.
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