E
tem aquele amor que nunca vai embora
aquele tipo de amor
que faz você se envergonhar por sentir tanta inveja
quando vê dois jovens agarrados contra o muro
ou
alheios ao óbvio e indiferentes à fragilidade de um segundo
se sentarem abraçados
quase entrelaçados
tão imersos um no outro
que o mundo já não lhes convêm
ali, num banco de jardim
Aquele amor que não se gasta
que não tem consolo curativo de amigo que dê jeito
que não há outro amor que dê jeito
que não tem tempo que por mais que passe dê jeito
Um tipo de amor que quando acabou
fez você jurar que ia morrer e...
droga! Você não morreu
e outro, o outro também não morreu
A vida seguiu como nada tiveste visto previsto programado
as canções como se não tivessem sido balbuciadas
as mãos como se nunca tivessem ficado embaraçosamente suadas
as esperas como se nunca tivessem parecido eternas
escritos não tivessem sido todos os poemas
incontáveis juras não tivessem se acasalado à alma
ou a respiração tanta vezes parado – parava, eu juro!
Aquele amor que você deseja uma vida inteira conhecer
e daria a sua vida inteira pra não ter sentido
porque cala tão fundo, tão vívido, tão amargo
que é bom, é muito, muito bom
mas de que você nunca terá certeza
absoluta certeza
se não teria sido até melhor não o ter vivido...
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