Pra você eu comporia
uma canção sem distorções
com acordes tão perfeitos que faria calar os anjos
pra você eu escreveria aquele poema
impublicável
de rimas de corar as margaridas e fazer os pássaros rir
pra você e só pra você
eu revelaria meus medos com cópias
e estamparia em preto e branco
as cores que me enchovalham as manhãs
era pra você que eu soprava bolhas de sabão
e era com você que eu falava
de amigo imaginário pra amigo imaginário
porque pra você eu vim pelas tabelas aos trancos
folheando o mundo e inventando a minha história
costurando tudo com vontade e sede de chegada
e assim
depois de tudo isso com você
eu despertaria deste trânsito frenético entre tantos mundos
e aportaria
voluntária e sofregamente
em definitivo enlevo e no expurgo de meus fantasmas
na beirada rosácea da sua boca.
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