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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Vigília dentro das horas

Augusta me traga um chá
com aroma das flores da cidra, um toque de hortelã pimenta
me esquente as mãos, agora já tão frias e amórficas
outrora o piano da sala me permitia
giros e rodopios pelas manhãs
mas os retratos estão fixos em mim e as horas cozinham
na lenha boa do fogão
Augusta
que horas já se vão?
que amados já se foram?
que papéis são estes espalhados sobre meu espelho?
eu que já nem me vejo mais há tanto tempo
instalou-se aqui neste peito uma delituosa solidão
um desastre estes fios tão brancos misturados ao jardim
embaralham-se em minhas pernas e perturbam-me o voo
Augusta
tem um passarinho cantando lá fora
de que cor é o seu peito
de que é feita a sua história
de onde seu ninho venta?
Augusta
e o meu chá?

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