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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A razão da partida

eu preciso ir
a estrada me puxa a alma me embaça os olhos me refaz
e eu preciso ir
com as costas arqueadas como um cachorro bom
um cheiro de gente estranha, de água nova, de outro verdume
um ponto tão longe que me cansa a vista
mas eu preciso, preciso muito ir
e as rodas do carro derrapam sobre mim mesmo
num medo sem volta sem endereço
porque o mundo me abraça com brasa e ferro quente
e me mostra seus dentes vorazes e nodosos
e, ainda sim, preciso ir
porque não me encontro aqui então vou me buscar
nas beiradas das coisas que se atolarão em meu caminho
e me levarão a desvios e atalhos sem saída
mas me redobrarão o cuidado com os que me amam
pois que, na despedida se apertam os nós
e na distância se perdem as mágoas todas
então
eu vou.

Um comentário:

  1. Maravilhoso este texto "A razão da Partida".
    Tenho lido outros textos do seu blog e tenho
    ficado encantado.

    Parabéns

    Sonhador

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