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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Maré alta

As vertigens voltaram - respiração ofegante, suor abundante,
ausência, estranhas imagens
Voos sem pouso, cabeça sem amparo, flores de maio em agosto
Ao observar meu próprio rosto, me traio:
estampado no olhos o desgosto por mim mesma
Antevejo temporais
As vertigens já não me surpreendem mais
apenas se instalam como aves da estação
e eu já não faço mais o antigo esforço
para recuperar o controle esperado
não ensaio mais falas nem comesuras nem me incomodam as vaias
desta sociedade absurda
Sinto os meus ossos minhas carnes meus nervos
sinto-me toda em entorpecido enlevo
quando me solto na torrente destas complicadas redes
de minhas comoções
As vertigens são tentativas de fuga de um tormento pessoal
forçar-se a sair de si mesmo por um tempo buscando amenizar sofrimentos
que não se podem ignorar.
Pago o preço do meu temperamento desassogado,
do meu amor acelerado, da minha fome de gentes e por novos vendavais.
Sou um navio à deriva, amarrado em seu velho cais.

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