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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Parco esboço

Desenho lentamente o contorno do teu rosto:
sempre me vem à mente aquele sorriso
espesso e morno, leite quente
aquela pele amaciada pelo contato permanente
com o vento e o por-do-sol
e estes olhos muito abertos, fixados sempre à frente
irradiando rara luz, faróis sobre um atol
Desenho teu rosto a lápis
porque um esboço segue o outro, incontinente
e não chego a uma conclusão da tua boca, oferecida
como uma rosa que dorme, enternecida, num vaso de cristal
A linha do teu queixo, muito reta,
e tua testa larga, umidecida
por uma fonte estranha e secreta
de onde brota, quase pressinto, a seiva da tua vida
as pálpebras pesadas, de noites prolongadas
que quase adormecem sobre a retina comprimida
Desenho o teu rosto porque não posso ter
o deleite de tocá-lo sem me acontecer
de novamente ser tomada pelo destempero
de abandonar de vez o esboço pelo teu corpo inteiro.

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