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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Roleta russa

Você não deveria me deixar partir assim, tão tonta, tão solta no nada,

porque afinal um dia eu dei pousada ao seu coração

me deixar assim, com os olhos embaçados e estas imagens difusas

de retratos instântaneos de nós dois, dentro do carro, embaixo de chuva, na noite calada

me deixar sem referências...até minhas preferências estão associadas

ao que você gosta e aprova

Eu, que fico tão sem sentido quando não me sinto amada

me deixar assim, nesta cama grande demais, neste quarto frio demais, neste vazio

e sabendo de mim como sabe, que me ressinto diante da menor saudade

Eu, que já fui espaço do seu sonho, repouso do seu cansaço, seu festejo

me vejo, de repente, borboleta desalojada da crisálida,

com asas ainda por desvendar

Você não deveria se precipitar - e se você descobre

que a nuvem que encobre o sol se desfez e, num lampejo,

reaviva-se por mim o seu desejo, como é que vai me achar

no meio do redemoinho, nas curvas deste longo caminho,

que se abriu a nos afastar...

Saberá encontrar meu rastro, recordará meu perfume, meu lume

e, se estarei esperando o fim da tormenta, sedenta, ainda, de você

Vai se arriscar

vai me testar

vai brincar, uma vez mais, com a sorte...

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