Você não deveria me deixar partir assim, tão tonta, tão solta no nada,
porque afinal um dia eu dei pousada ao seu coração
me deixar assim, com os olhos embaçados e estas imagens difusas
de retratos instântaneos de nós dois, dentro do carro, embaixo de chuva, na noite calada
me deixar sem referências...até minhas preferências estão associadas
ao que você gosta e aprova
Eu, que fico tão sem sentido quando não me sinto amada
me deixar assim, nesta cama grande demais, neste quarto frio demais, neste vazio
e sabendo de mim como sabe, que me ressinto diante da menor saudade
Eu, que já fui espaço do seu sonho, repouso do seu cansaço, seu festejo
me vejo, de repente, borboleta desalojada da crisálida,
com asas ainda por desvendar
Você não deveria se precipitar - e se você descobre
que a nuvem que encobre o sol se desfez e, num lampejo,
reaviva-se por mim o seu desejo, como é que vai me achar
no meio do redemoinho, nas curvas deste longo caminho,
que se abriu a nos afastar...
Saberá encontrar meu rastro, recordará meu perfume, meu lume
e, se estarei esperando o fim da tormenta, sedenta, ainda, de você
Vai se arriscar
vai me testar
vai brincar, uma vez mais, com a sorte...
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