O meu cabelo me incomoda, de encontro ao vidro, me cobrindo o rosto
me incomoda o vidro que me espelha, baça visão de quem eu fui um dia,
me incomoda e me alivia, no entanto, ter esperado mesmo sabendo que viria
aquela resposta seca, aquela choradeira,
aquele medo insano, aquela cadeira
vazia,
dia e noite, num canto.
O meu joelho me incomoda, doendo sem razão, me dificultando o passo,
me incomoda o passo dado com vacilo, andar meio atrapalhado do meu desatino
me incomoda e me alivia, entretanto, sair daqui agora, sabendo o bem que faço
ao deixar um espaço para um outro alguém.
O meu olhar me incomoda, fixado neste ponto da história, congelado na memória
me incomoda não descartar de imediato a coisa, ato por ato,
me incomoda e me alivia, por enquanto, ter deixado a covardia do lado de fora
e assumido, que o melhor que faço,
é mesmo ir embora.
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