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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Porta de saída

O meu cabelo me incomoda, de encontro ao vidro, me cobrindo o rosto

me incomoda o vidro que me espelha, baça visão de quem eu fui um dia,

me incomoda e me alivia, no entanto, ter esperado mesmo sabendo que viria

aquela resposta seca, aquela choradeira,

aquele medo insano, aquela cadeira

vazia,

dia e noite, num canto.

O meu joelho me incomoda, doendo sem razão, me dificultando o passo,

me incomoda o passo dado com vacilo, andar meio atrapalhado do meu desatino

me incomoda e me alivia, entretanto, sair daqui agora, sabendo o bem que faço

ao deixar um espaço para um outro alguém.

O meu olhar me incomoda, fixado neste ponto da história, congelado na memória

me incomoda não descartar de imediato a coisa, ato por ato,

me incomoda e me alivia, por enquanto, ter deixado a covardia do lado de fora

e assumido, que o melhor que faço,

é mesmo ir embora.

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