O pássaro morto é preto, é grande, é frio.
Não vejo nele sinais de menino, de gato ladino, de alçapão.
Ali, sobre a grama,parece ter sido acomodado por uma invisível mão...
Jamais saberei o que o vitimou. Em minha mente inquieta, apenas posso desfiar supostas possibilidades:
seu olho vidrado, ficou fixado no galho que nunca alcançou
na sua retina reflete-se a luz que, repentina, em meio a um rotineiro voo, apagou
sua asa, forte, experiente, quedou-se,repentinamente silente, e em pleno ar o bater cessou
alguma estranha doença, sem marcar-lhe a aparência, na sua garganta a mávia voz calou
ou só estava cansado de tanto voo travado, de canto mesmo engasgado, das fugas de todo dia,
e a morte se apresentou.
O pássaro aconchega-se num ninho de galhos secos, tramados pela ciência do ventos matinais e das curriolas das águas
Numa promessa de longos pousos ao sol, de sofridas noites de tempestades, numa busca incessante de comida para dar continuidade aos filhotes
o pássaro repousa
E aqui minha singela homenagem a uma, entre tantas existências,
que passa sem registro pelos anais da Humanidade
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