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segunda-feira, 16 de abril de 2012

depois da hora


eu guardei o papel do bombom roxinho, mas rasguei a passagem de avião - eu não volto.
as águas que cercaram o vidro tentaram me intimidar, mas você pode desistir, eu digo.
nada nesta terra me é mais mistério: conheço daninhas e torrões estéreis
e em nada me acomodo no velho sofá - meu corpo mudou desde que você o abandonou.
eu tenho regurgitado muitas histórias e todas acabam amargando, como esta bile.
precisava de outros voos, outras lembranças, saudades novas.
precisava redescobrir o gosto das frutas e das noites sem expectativas.
falando nisso, até meus sonhos adoçaram...acredita?!
meus livros estão mais calados, e é verdade que minhas linhas se acham tontas e tortas.
a devastação ainda se vê, algo maquiada com um tanto de exagero no lápis de olho.
mas eu já vi horizontes mais plúmbeos e reconheci, depois deles, manhãs.
eu não volto. mesmo porque, não sobrou nada para lhe devolver.

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