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segunda-feira, 16 de abril de 2012

só de passagem


amado, estou saindo. devagar, mas certa da partida, eu vou saindo.
saindo da sua cabeceira, saindo da mesa na sala de jantar, saindo pelos retratos nas paredes,
saindo.
saindo sem barulhos inconvenientes, saindo como se sai de um tubo de pasta de dentes,
saindo.
saindo do cheiro do seu cabelo, saindo pelos avessos e pelos entremeios, saindo da gaveta de meias,
saindo.
já sai antes: foi melhor por um certo tempo. mas agora eu me despeço de fora pra dentro,
entende?
apaguei as luzes, dei água fresca ao cachorro, aguei a grama, bati o portão (de novo!) no meu dedo,
saindo.
eu já sai de mim, eu me chorei por horas, eu me agarrei nas bordas do meu coração, respirei.
mas ainda assim, neste ar que veio lá do ventre, saindo.
fique bem. beijos.

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