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segunda-feira, 16 de abril de 2012

pé de quê


nasceu um pé de algo verde entre o rachado do portão e a rua.
não se mostrou de princípio flor ou mato, só crescia em verde.
espichou folhinha: ninguém que adivinha se é bom ou daninha - ninguém.
guardou segredo de suas sementes e resistiu aos pasos que transpunham
a calçada, a porta de entrada, os alagados da rua.
curtiu o sol, podia-se ver! caiu de alma na chuva.
preocupei-me se esbarraria na grade e se feriria, mas não:
mais esperta que todos, driblou a morte e teimou crescer.
espichou uma galhada tímida, a princípio, mas logo debochou
e deitou tantas folhas que virou arbusto de coisa sem nome,
porém respeitada, para incompreensão absoluta do jardineiro
que não entendia, de maneira nenhuma, porque um pé de nada
tinha direito de estadia em nosso portão.
pobre jardineiro! nada nasceria mesmo naquele seco solo de seu coração.

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