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domingo, 16 de maio de 2010

Águas revoltas

Eu enfrentei mares inominados,
apinhados de grandes naus sem rumo,
enfrentei nuvens grávidas de tempestades urgentes
e correntes que puxam para abruptos paredões
Eu enfrentei mais:
eu confrontei meus medos.
Eu olhei direto no espelho e me reencontrei
com os obstáculos vencidos
com as batalhas perdidas
com as bandeiras deixadas pra trás
com a paz temporária
com a cortina mortalha de meus ideiais
Estive cara-a-cara com o que despi,
face-a-face com as rugas, os vincos, as fugas
frustradas
do correr dos dias
as alegrias maquiadas
o meu comportamento exemplar diante do outro
mas malfadado diante de mim mesma.
Ilesa para o olhar alheio
e surpresa com meu pouco tato
pra lidar com minhas perdas.
Naveguei estes mares e ninguém soube
dos meus mastros partidos
da minha bússola que tresloucava
me lançando pra beirada dos abismos.
Bebi das tempestades e me viciei em raios de sanidade
trovejei projetos
icei sonhos
e me proclamei senhora de minhas travessias
às claras, às escuras.
Eu voltei ao cais só pra dizer
que parto de novo.

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