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sábado, 29 de maio de 2010

Sobre os telhados

Eu queria falar sobre os telhados
para as gentes de lá
sobre dias em que a aflição comprime o peito
e a gente não grita
Não grita porque se envergonha de sentir
que sucumbe à emoção
não grita porque de tanto sufocar o grito
ficou mudo da própria voz
Sobre os telhados um berro eu daria
que fizesse tremer as paredes dos presídios creches e ambulatórios
e as doenças da alma fugiriam apavoradas
A coragem acordaria e todo mundo teria que encarar
o espelho escondido embaixo da cama
Quando eu bradasse desse jeito
despertaria até a consciência mais pesada
e aí sim teríamos uma grande revoada
de fantasmas e de almas negras
Depois
depois eu desfaleceria
e cairia na grama do vizinho.

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