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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Reflexões

Durante as chuvas respeito as poças
escuto as batidas renitentes e penso em persistência
durante as chuvas
descubro lesmas entre as plantas
e cobertores de fundo de armário
as ruas não são as mesmas
porque os rostos estão ocultos em golas e chapéus
durante as chuvas fujo do mundo
na frente da minha tevê
e percebo que tenho ossos úmidos
as folhas viram barcas em congestionamento no esgoto
as cores agridem os olhos principalmente a teimosia dos verdes
e os passarinhos se viram como podem nos telheiros
As chuvas me trazem saudades de roupa no varal
e do anil nos lençóis quarados por minha avó
me trazem pátios em que quebrei espelhos d'água
sem medo de sete anos de azar
nada afeta a sorte imensa de se estar criança
Nas chuvas o passado alcança o presente
de repente e o encharca
de muitas, muitas recordações.

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