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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Eu, inteira

Tenho um vulcão dentro do peito
dormente
dormindo
Ao acordar
ele abalará meus alicerces duramente erguidos
sofregamente mantidos
e rachará meus castelos de sonhos
Provocará o desconforto de enuviar-me as feições
e todos a minha volta
estremecerão
porque o barulho alheio desperta
os demônios internos dos outros.
Este vulcão dentro de mim
cuspirá o conteúdo abafado
calado à força
de minhas emoções tão bem dissimuladas
e acabrunhada
me verei despida
no meio das gentes.
Alguns dirão
que sabiam que lá ele existia
no fundo das coisas todas
camuflado
e que era inevitável que um dia despertasse assim
Outros de mim dirão
que desconheciam esta minha natureza traiçoeira
pois terei me atrevido a ser eu mesma
com entranhas a mostra e bases desfeitas
irrompendo
com meus velhos padrões
derramando
sobre meus próprios pés
as indigestas questões que me incendiavam
arrazando meus cenários perfeitos
desfazendo meu perfil comportado.
E enquanto as chamas tudo queimam, tudo consomem
eu rirei
do espanto, do espasmo, do atrazo
dos que se escondem de si mesmos.

Um comentário:

  1. eu estou sinceramente muito encantada! Você escreve coisas maravilhosas, eu adorei, muito mesmo!
    bjs, Letícia

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