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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

amando amar

o meu grande amor não era afinal, tão grande assim
- era apenas um menino, que trazia nos seus olhos o que eu veria em mim
num futuro não muito distante:
a capacidade de seduzir e deixar-se levar pelas mazelas do coração.
o meu grande amor era um ser humano, limitado, tacanho, sonhador
como bem me cabia. A fantasia de ser gostada, de ser amparada contra a dor,
contra a zombaria das meninas que eram já namoradas, confortava.
portanto, não havia mais o que exigir além desta situação
de namorada que tinha quem lhe amparasse, timidamente, a mão.
o meu grande amor gostava, como eu, de mar e de maçã, de poesia
e da alegria de não ter aula no sábado. ele via nosso futuro num fundo de garrafa
e eu achava muita graça em seu ar sério quando dizia que iria ser doutor.
meu grande amor nunca me levou ao cinema, nunca lanchou comigo no Mac Donald's
nunca foi comigo à beira mar. mas viajamos por países espetaculares, em jatos prata,
conhecemos cachoeiras incríveis, falamos muitas línguas, compramos casas,
tomando sorvete com calda à vontade e voltando pra casa com o raiar do sol.
hoje, o meu grande amor mudou de nome, de meta, de rosto, de expectativa
diante das sérias solicitações que a vida, implacável, faz a gente.
mas nunca será indiferente ao meu coração aquele menino, que numa brecha de tempo,
talvez o melhor tempo pra se viver acordado, foi o meu grande amor.

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