Total de visualizações de página

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

carnevale

não vou facilitar as coisas pra você - de novo não.
vou sair fazendo alarde, vou postar um alarme em cada esquina, vou colorir o muro,
vou dançar a música que só eu ouço, vou fazer um mega esforço pra não chorar
- ao contrário! vou gargalhar bem alto, numa espécie de surto de dor e loucura,
bem ao gosto dos moralistas e hipócritas que se pendurarão nas janelas pra me ver passar.
vestirei púrpura e pintarei a boca que você negou, marcarei de tatuagens mórbidas
um corpo que você navalhou com indiferenças e grandes abandonos.
eu serei a autora de mim mesma, desta vez, sem parcerias ou trocas,
serei a poesia que encarnou e saiu jorrando pelas cantoneiras e sacadas,
incomodando seu sono, perturbando sua rota, desfazendo seus marcos seguros.
serei alada - alma desperta ainda que lesionada, sofrida, violada
pelo descaso com as coisas delicadas e raras.
percebo-me tão translúcida, tão opaca - isso não fica assim:
retomarei, em mim, a gritante orgia das cores e formas, em fantasiosas alegorias
do que, um dia, eu desejei pra mim e larguei, em meio à avenida da minha própria vida.
trarei festa de novo nos meus olhos e serei eu, desmascarada, o estandarte dos sobreviventes.

2 comentários: