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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

chuvas de verão

certo é que virão as grandes enxurradas envoltas em verão
e as sombrinhas, aceleradas e confusas, quedar-se-ão danificadas entre transeuntes.
rios cheios de energia se enervarão com as cidades e rugirão,
feras que dormitavam em meigos leitos,
derrubando fronteiras e retomando as terras dos impotentes observadores.
calam-se os passarinhos (onde se refugiam os passarinhos?) e os cães se vão,
enquanto crianças olham o céu num misto de admiração e puro horror, e tampam os ouvidos
buscando, sem querer ocultar apenas os olhos, o refúgio em suas mães.
mulheres esticam as mãos como se medissem a densidade da água entre seus frágeis dedos,
porém se mostram impiedosas as chuvas com as rosas em seus galhos castigadas.
avós rezam a oração que esperançosa tenta calar o céu e fazer dormir dentro do escuro
- até a luz se retrai, em pleno dia, quando adentram pelo cenário as tempestades.
o mar é um tropél de cavalos selvagens arrebentando porteiras.
as árvores se curvam como se desejassem oscular a terra em que vicejam.
depois, tudo é silêncio - as fortes rajadas de vento calaram até os anjos.

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