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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

na medida certa

era a hora certa, eu sentia! a oportunidade exata
se eu me descuidasse, a perderia na poeira do tempo volúvel e instável
pra que me desestabilizar? de que valeria?! melhor ser cru e direta
quase ácida - olhos firmes, mãos estáticas e fala lenta, pausada, serena:
- não.
isso. tá dito. enrolando a língua na saliva grossa demais pra descer à seco.
"não", ressou estranho até nos meus próprios ouvidos e me senti em frente às comportas
à beira do desastre, debaixo de um carro saido de não sei onde.
você nem piscou - acredito que levou um tempo para decodificar o signo
e só pela expressão da minha cara é que tudo começou a fazer algum sentido.
"não? como assim, não?" ora, assim, com três letras e acento, nasalado, só.
muito só.
e as lágrimas atrapalharam tudo, porque lavaram a máscara toda, uma borradeira,
um enxame de emoções carcomidas, indigestas, atabalhoadas e comprimidas
por tempo demais, meu Deus! tempo demais pra sair civilizado assim.
- não. e precisou, eu repito. já desmanchada como a borra de café,
a tela embaçada de óleo com água, a mancha na toalha perfeita.
mas sem deixar de ser um não (atrasado, é verdade, feinho, tadinho!)
mas como só um não pode ser: forte e definitivo.

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