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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

no que se crê?

o que há de mais duro numa verdade é que ela faz,
de tudo o mais, uma mentira.
e a verdade que se cultivou, acalentando, por tanto tempo,
descobrimos ser menos verdade que aquela que agora obtivemos,
pela revelação de uma outra pessoa.
e enquanto a verdade dela, soberana, irradia, a nossa, coitada,
débil definha, pois meia verdade, como meia vida, é verdade nenhuma.
a verdade do outro nem sempre é a minha e isso não faz de cada uma
uma verdade menor, de menos valia. mas a verdade que se sobrepuja
a uma história mal contada, a uma ponta de fim de linha, essa sim!
não pode ser a verdade de ninguém. nem deve.
a verdade, como tudo o mais, nos serve - não é pra ser servida.
ela deve ser libertadora, enriquecedora, amiga.
se uma verdade fere, fere porque alguém
inventou uma destrutiva mentira. a verdade está inocente
neste palácio de ilusões coloridas de falsos tons.
mas nem sempre ela é a convidada mais bem vinda.
somos assim, nós, vagamente claros, vagamente certos,
vagamente verdadeiros, mesmo frente aos nossos espelhos.

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